quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Ilha de São Brandão

A Ilha de São Brandão, San Borondón ou Samborombón, como também aparece em mapas medievais, é uma ilha lendária relacionada à lenda de São Brandão (Bréanainn de Cluain Fearta ou Brendan de Clonfert, 484 d.C. – 577 d.C., aproximadamente), que supostamente a descobriu por volta de 512 d.C.

A ilha foi mencionada pela primeira vez em um texto provavelmente originário do século VIII, cujo manuscrito mais antigo é do século X, Navigatio Santi Brendani Abatis (A Navegação do Abade São Brandão). A versão mais conhecida foi escrita para o rei Henry Beauclerc e para a sua rainha Adelais, no começo do século XII.

Imagem de São Brandão, o navegador

A viagem do santo é descrita nas múltiplas versões da Navigatio Sancti Brendani, relato complementar à Vita Sancti Brendani cuja primeira versão escrita conhecida data dos séculos X ou XI (com uma tradução francesa datada de 1125. Há cerca de 125 manuscritos conhecidos, descrevendo diferentes variantes do périplo.

A viagem inicia-se com a partida de Brandão, acompanhado por um grupo de monges da sua abadia de Shanakeel (ou Baalynevinoorach), nas proximidades de Ardfert, costa ocidental da Irlanda, em busca da Ilha das Delícias, ou do Paraíso. De acordo com o antigo calendário eclesiástico irlandês, a viagem teria sido iniciada a 22 de Março (no qual a Igreja celta celebrava a festa do Egressio familiae Sancti Brendani). O número de companheiros varia, de acordo com as versões das viagens, de 18 a 150. Na referência mais antiga, uma litania composta no século VIII por São Ângus, são invocados os 60 que acompanharam São Brandão.

Versão Holandesa

Des Reis van Sint Brandaen ("A Viagem de São Brandão") é uma versão holandesa encontrada em um manuscrito do século XII, derivada de um texto perdido em alto-alemão medieval. Descreve nove anos de viagem de Brandaen, monge de Galway que começaram como punição de um anjo que viu Brandão descrer de um livro sobre os milagres da criação e jogá-lo no fogo. O anjo lhe diz que a verdade fora destruída.

Em sua viagem, Brandaen encontra as maravilhas e horrores do mundo, tais como Judas congelando de um lado e queimando do outro, pessoas com cabeça de suíno, pernas de cão e dentes de lobo portando arcos e flechas e um enorme peixe que circunda o navio mordendo a cauda com a própria boca. O poema inglês Life of Saint Brandan é um derivado posterior dessa versão.


São Brandão e seus monges, no Manuscriptum translationis germanicae, de 1460

Versão francesa

No início da Navigatio, São Barinto conta a Brandão sobre uma viagem que fez à Insula Deliciosa e a outra ilha chamada Terra repromissionis sanctorum, a “Terra Prometida dos Santos” (o Paraíso), uma ilha cheia de flores e pedras preciosas onde não há noite.

Intrigado, Brandão decide construir um coracle ou curragh (embarcação feita de couro esticado sobre armação de madeira, típica da Irlanda e Escócia) e partir para o Ocidente em busca dessa Terra Prometida, em companhia de 14 monges. À última hora, mais três monges, inicialmente descrentes, se juntam à peregrinação, que duraria sete anos e os levaria a muitas ilhas exóticas.

Começam por navegar para oeste durante quinze dias a partir da Irlanda, após o que são empurrados pelas correntes até a Ilha Selvagem onde são recebidos por um cão que os guia a uma vila despovoada. Ali permaneceram por três dias, sempre encontrando comida preparada para eles, apesar de não conseguirem ver pessoa alguma.

São Brandão e Jasconius. A ilha de S. Brandão aparece representada a noroeste da Península Ibérica

Depois de mais sete meses de viagem, numa direção não assinalada, o grupo chegou a uma ilha onde abundavam os carneiros, a Ilha das Ovelhas.

Depois alcançaram outra ilha, desprovida de vegetação, que chamam inicialmente de Ilha Nua e na qual resolveram celebrar a Páscoa. Acenderam uma fogueira para se aquecerem, mas quando se sentaram ao redor do fogo, a ilha começou a mover-se. Correram para seu barco; quando chegaram, Brandão explicou que a ilha era na realidade o monstruoso peixe Jascônio, que lutava sem sucesso para morder a cauda com a própria boca (provavelmente uma versão local da mítica serpente marinha nórdica Jörmungandr - leia também Uróboro).

Ao final do primeiro ano de viagens, chegam a uma outra ilha, a Ilha dos Pássaros ou Paradisus Avium ("Paraíso das Aves"), habitada por pássaros de todo tipo que se unem aos monges em suas orações e lhes anunciam que deverão navegar ainda mais seis anos.

A profecia se cumpre. Seis vezes eles retornarão ao peixe Jascônio para celebrar a missa da Páscoa, embora abstendo-se de acender uma fogueira.

De volta ao mar, navegaram por três meses até que, exaustos, alcançaram uma ilha habitada por monges que haviam feito um estrito voto de silêncio e que ali haviam residido por oitenta anos, sem sofrer qualquer desgraça ou enfermidade.

Tornam a partir. Após algum tempo, ficam presos numa duradoura calmaria, que durará sete meses. Depois que esta foi ultrapassada, chegaram a uma parte onde os peixes são venenosos, perigo de que tomam conhecimento através de um pássaro branco. Por vezes, na crista das vagas flutuam grandes nozes contendo um líquido semelhante ao leite.

Partem depois para paragens onde o mar está adormecido e onde o sangue lhes gela nas veias, "mais forte que 15 touros furiosos". São perseguidos por uma serpente marinha que respira fogo, mas em resposta a uma oração do santo, surge outro monstro, que aniquila a serpente. De modo semelhante, mais tarde, um dragão salva-os de um grifo.

Uma vez ultrapassadas estas vicissitudes, São Brandão ruma ao norte, com seus frios e seu céu "com reflexos verde-pálidos, violeta e rosa desmaiado". À noite, "arcos luminosos aparecem sobre o veludo azul profundo do céu". Observam um enorme templo de cristal, um enorme pilar de cristal que se ergue do mar com um pálio prateado, como um imenso-guardas-sol, que levam três dias para rodear, através de um mar coberto de névoa.

Uma Ilha dos Ferreiros desprende uma fumaça com forte cheiro de enxofre e lança pedaços de escória derretida no barco de Brandão. Rios de fogo se lançam no mar.

Um demônio sobrevoa a sua embarcação e mergulha no mar. Encontram, no meio deste ambiente, uma ilha com uma montanha coberta por nuvens, onde se encontra a entrada para os Infernos e uma rocha estéril sobre a qual Judas Iscariotes é malhado pelas ondas, num breve repouso dos tormentos do Inferno que lhe foram garantidos em honra da ressurreição de Cristo. É a Ilha dos Danados, na qual dois dos companheiros de Brandão perecem, mortos por demônios.

Em seguida, abordam uma nova ilha habitada pelo eremita Paulo, que se veste apenas com seus longos cabelos e cujo único alimento são as águas de uma fonte muito pura. este lhes anuncia que seu objetivo está próximo. Pela última vez, celebram a missa da Páscoa sobre o dorso do grande peixe Jascônio e, terminada a cerimônia, este os leva para além da Ilha dos Pássaros, de onde navegam por mais quarenta dias antes de penetrarem na zona de trevas que protege o Paraíso.

É a última prova. Vêem-se então diante de uma terra dourada, cingida por por uma alta muralha ornada de pedras preciosas, na qual há uma porta protegida por dois dragões e uma espada de ouro e diamantes, que gira incessantemente. Com um gesto, o anjo que os guia afasta a espada e abre a porta.

Enfim, é a Ilha das Maravilhas, "a terra prometida aos santos, aureolada por uma claridade de nácar".

Tudo aí é paz e alegria. Uma luz maravilhosa banha todas as coisas e esta luz não é o sol que a dispensa, porque ela vem de toda a parte, e assim a sombra não reina em nenhum lugar. A noite nunca vem afogar tudo com suas trevas e as tempestades não sopram, carregando suas nuvens escuras. Nós colhemos frutas suculentas, de um tamanho nunca visto, e matamos nossa sede em riachos de leite e em límpidas fontes.

Não há desejo nosso que não seja logo satisfeito, e sempre, e por toda a parte, elevam-se no ar límpido os suaves acordes das harpas que os anjos fazem vibrar sob os seus dedos. Nenhuma palavra humana pode exprimir a emoção que sentimos, a felicidade que tomou conta de nós, a felicidade em que nos encontramos mergulhados.

É o Paraíso, que Brandão e seus homens finalmente alcançam depois de procurá-lo por sete anos. O anjo lhes mostra o Paraíso do alto de uma montanha e sugere que colham algumas das frutas e pedras preciosas da ilha para que todos saibam que realmente abordaram a terra prometida aos santos e aos justos. Retornam à Irlanda, onde Brandão morre, pouco depois.

Racionalizações

Humboldt, observando estas passagens, especulou que o santo e os seus companheiros teriam navegado pelos mares ao norte da Irlanda. O geógrafo identificou a "Ilha dos Carneiros" da narrativa como as Feroés. Na mesma linha, a ilha infernal foi identificada com um vulcão da ilha Jan Mayen na Islândia. O pálio de cristal seria um icebergue e os arcos luminosos no céu a aurora boreal. Os demônios que mataram dois dos companheiros de São Brandão seriam ursos brancos e as nozes contendo leite açucarado lembram cocos, o que poderia significar que Brandão teria chegado também à latitude das Canárias.

Sejam quais forem os cenários reais por trás da lendária expedição do santo, que podem refletir algum conhecimento do extremo norte do Atlântico e das ilhas Canárias, o elemento mítico predomina quanto à natureza e ao objetivo da expedição, nada menos que o Paraíso. As provações que o Santo e os seus companheiros passam no mar não são mais do que uma iniciação que os prepara para esse fim glorioso.

Mesmo assim, houve quem levasse a história como indício de que os irlandeses chegaram à América - à Terra Nova, ou mesmo ao Brasil - antes de Colombo, o que equivale a tomar o Orlando Furioso de Ariosto como indício de que um cavaleiro de Carlos Magno chamado Astolfo esteve na Lua antes dos astronautas estadunidenses. Em 1976, o aventureiro irlandês Tim Severin construiu um curragh de couro de boi, de 4 toneladas e 11 metros de comprimento, e ao longo de dois verões velejou com ele da Irlanda, pelas Hébridas, Feroés e Islândia, até a Terra Nova, para mostrar que a viagem do santo seria factível. No seu livro The Brendan Voyage, disse ter encontrado icebergues e animais marítimos como baleias e golfinhos que, sugeriu ele, seriam as origens das visões fantásticas da lenda de São Brandão.

O curragh Brendan, de Tim Severin

São Brandão nos mapas

Mapa de Ortelius, de 1595: a ilha de São Brandão aparece a leste das ilhas Britânicas e da também legendária ilha Brasil, uma de cada lado da figura do Tritão

A primeira representação cartográfica da ilha de São Brandão surge no mapa Hereford de 1275, com a inscrição Fortunate Insulae sex sunt Insulae Set Brandani, que surge associada a uma ilha perto da posição real das Canárias.

O segundo registo cartográfico aparece num portulano de Angelinus Dulcert, de 1339. Neste portulano, três ilhas aproximadamente na mesma posição do arquipélago da Madeira surgem com a legenda Insulle Sa Brandani siue puelan.

No mapa dos irmãos Pizzigani (1367) surge a legenda Ysole detur sommare sey ysole pone + le brandani, "ilhas chamadas do Sonho ou ilhas de São Brandão", associadas à figura de um monge abençoando a ilha. No grupo de ilhas ali figurado, a maior, com a legenda, recebe a designação de "Canária" e as Ilhas Desertas (ao norte da Madeira) aparecem em dimensões maiores do que as reais sob o nome de "Capirizia", enquanto a ilha de Porto Santo não recebe denominação.

No mapa de 1426 desenhado por Battista Beccario há a legenda Insulle fortunate santi brandany. Com pequenas variações este nome é aplicado à ilha da Madeira por Pareto (em 1455), por Benincasa (em 1482) e em um mapa anônimo de Weimar que é datado por uns de 1424 e por outros dos anos 1480.

No mapa de Andreas Bianco de 1448, a ilha Terceira, a maior do arquipélago açoriano, aparece com a legenda: Ya Fortunat de sa. beati blandan. O mesmo mapa indica Madeira, Porto Santo e a Deserta nos seus locais reais e com os nomes contemporâneos.

O globo de Behaim de 1492 coloca a ilha de São Brandão numa posição inédita, a ocidente de Cabo Verde, com Antília a seu norte. Esta localização pode ter sido sugerida por uma linha costeira indefinida no mapa Bianco de 1448 que se encontra na sua posição aproximada. Também o mapa de Juan de la Cosa (de 1500) exibe a costa brasileira numa linha semelhante à do mapa de Bianco.

No diário de Cristóvão Colombo, na data de 9 de agosto de 1492, está escrito que "muitos espanhóis respeitáveis da ilha de El Hierro, que estavam em Gomera com Cona Inez Peraza, mãe de Guillen Peraza, depois primeiro conde de Gomera, asseguraram que todo ano viam terra a oeste de Gomera e outros de Gomera aformaram o mesmo sob juramento. O Almirante lembra que, quando estava e Portugal, em 1484, uma pessoa chegou a rei (João II) da ilha da Madeira para implorar por uma caravela para ir a essa terra que foi vista e que ele jurou que podia ser vista todo ano, sempre da mesma maneira."

Pelo tratado de paz de Elvira, assinado em 4 de junho de 1519, a coroa portuguesa concedeu à coroa de Castela todas as reivindicações relativas às ilhas Canárias, inclusive La Isla Non-Trabada o Encubierta, que seria a oitava ilha do arquipélago, ainda não descoberta .

No mapa de 1544 de Sebastian Cabot, a ilha de São Brandão é colocada na mesma região onde Cabot e o seu pai teriam efetuado as suas navegações, ou seja, aproximadamente na mesma latitude dos estreitos de Belle Isle.

Referências

Jorge Magasich-Airola e Jean-Marc de Beer, América Mágica: quando a Europa da Renascença pensou estar conquistando o Paraíso. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

São Brandão [1]

Wikipedia (em inglês): St. Brendan's Island [2]

Chet Van Duzer, "From Odysseus to Robinson Crusoe: A Survey of Early Western Island Literature" [3]

São Brandão (O Navegador)

São Brandão

São Brandão (484-577), o Navegador, ou São Brandão de Ardfert e Clonfert, terá nascido em Ciarraighe Luachra, próximo da actual cidade de Tralee, condado de Kerry, Irlanda, por volta do ano 484 (a data de 486 também é apontada). Baptizado (em Tubrid, Ardferd) e educado pelo célebre bispo Erc de Kerry e por Santa Ita (a Brígida de Munster, que o criou durante cinco anos), abraçou a vida monacal e tornou-se abade (terá sido ordenado pelo bispo Erc em 512). Após a ordenação iniciou um percurso que faria dele um dos mais conhecidos santos da Ordem Irlandesa. Faleceu no ano de 577 em Annaghdown (então Eunachdunne), condado de Galway, Irlanda, e foi enterrado na abadia de Clonfert, no mesmo condado. A sua celebridade foi tal que diversos pontos da costa ocidental irlandesa receberam topónimos em sua honra (Brandon Point, Brandon Bay e Brandon Head, entre outros).

Brandon Bay, Co. Kerry, Irlanda, lugar de partida de São Brandão para as suas navegações.

São Brandão deve a sua notoriedade, e o cognome de Navegador pelo qual ficou conhecido na literatura medieval, às suas famosas viagens.

Nascido na costa ocidental da Irlanda, então a fronteira ocidental do mundo conhecido, São Brandão empreendeu um vasto périplo de missionação e fundação de abadias, que do oeste irlandês, onde lhe é atribuída, entre os anos 512 e 530, a fundação de abadias em Ardfert (condado de Kerry), Inishdadroun (condado de Clare), Annadown (condado de Galway) e Clonfert (condado de Galway), o levaram a visitar a Escócia, onde, depois de 563, terá encontrado São Columba e participado na fundação de um mosteiro, e o País de Gales, onde terá sido abade de Llancarvon e onde terá encontrado o célebre Machutus (mais conhecido por S. Malô).

Contudo, foram as viagens marítimas, num tempo em que as antigas rotas norte-atlânticas estavam prestes a desaparecer, que lhe trouxeram a celebridade: terá visitado a Bretanha, as ilhas Órcades e Shetland e possivelmente as Faroe, um feito então incomum.

A sua biografia, a Vita Sancti Brendani, cuja cópia mais antiga terá sido composta em latim eclesiástico por volta do século X, transformou-se num dos escritos mais copiados da alta Idade Média, merecendo traduções e versões várias. A partir da Vita Sancti Brendani, num processo talvez interactivo, nasceram diversas lendas que aparecem hoje no legado cultural da maioria dos povos da costa ocidental europeia, particulamente os de origem celta.

As Navigatio Sancti Brendani

Para além das viagens no mundo conhecido, a lenda atribui a São Brandão a realização de uma longa viagem pelo Atlântico noroeste que o teria levado a uma terra, geralmente descrita como uma ilha, sita fora do mundo conhecido. Esta viagem, descrita nas múltiplas versões da Navigatio Sancti Brendani, um relato complementar à “Vita Sancti Brendani” cuja primeira versão escrita conhecida data dos séculos X ou XI (com uma tradução francesa datada de 1125), inflamou a imaginação dos povos marítimos da Europa, mantendo vivo o desejo de conhecer o que se escondia para além do horizonte do mar.

A viagem de São Brandão, como é descrita nas Navigatio Sancti Brendani, inicia-se com a partida de Brandão, acompanhado por um numeroso grupo de monges (seriam 60 nalguns relatos) da sua abadia de Shanakeel (ou Baalynevinoorach), nas proximidades de Ardfert, costa ocidental da Irlanda, em busca da Ilha das Delícias (ou do Paraíso). Na sua motivação estaria o conceito medieval de peregrinação, bem patente na presença de eremitérios ao longo das costas e nas pequenas ilhas costeiras desabitadas (como os do Cabo Espichel ou da Arrábida), e a busca dos lugares míticos desaparecidos.

De acordo com o antigo calendário eclesiástico irlandês, a viagem teria sido iniciada a 22 de Março (no qual a Igreja celta celebrava a festa do Egressio familiae Sancti Brendani). O número de companheiros varia de acordo com as versões das viagens entre os 18 e os 150, mas na litania composta no século VIII por São Ängus são invocados os 60 que acompanharam São Brandão.

A viagem terá durado sete anos durante os quais foram visitados diversos lugares e encontrados as mais exóticas criaturas, entre as quais uma baleia tão grande que foi confundida com uma ilha e sobre qual fizeram os monges uma fogueira. Ao fim desta longa e aventurosa travessia, São Brandão e a sua equipagem de monges atingiram finalmente a Terra Repromissionis, o Paraíso, uma terra de indescritível beleza e luxuriante vegetação. Infelizmente a narrativa não nos indica a rota seguida, pelo que a verdadeira localização do Paraíso de São Brandão ainda permanece um mistério.

Após o seu regresso à Irlanda, a história da viagem de São Brandão correu o mundo cristão e em breve a costa oeste da Irlanda converteu-se num importante centro de peregrinação, com Ardfert no seu centro. Naquela região formaram-se múltiplas abadias e casas religiosas, em especial em Gallerus, Kilmalchedor, Brandon Hill e nas ilhas Blasquet.

A ilha de São Brandão

A ilha descrita nas Navigatio Sancti Brendani ficou conhecida por Ilha de São Brandão (e por vezes por Ilhas Afortunadas ou mesmo Ilha do Brasil), vindo juntar-se ao numeroso grupo de terras que se dizia existiam no Atlântico. A existência destas terras, por vezes referidas por terras brendanianas, foi no advento da Renascença uma importante motivação no movimento dos descobrimentos europeus.

A ilha de São Brandão aparece em quase todos os mapas medievais, ocupando no Atlântico Norte posições que vão desde o oeste da Irlanda à Terra Nova, aos Açores, às Antilhas e às Canárias. A configuração da ilha varia desde uma pequena ilha circular até uma enorme ilha alongada.

Entre as ilhas que durante mais tempo foram identificadas com as ilhas brendanianas está o arquipélago dos Açores, em particular a ilha do Faial.

Dentro da tradição brendaniana, o nome de ilha de São Brandão foi levado às sete partidas do mundo. Talvez a sua sobrevivência mais remota seja a ilha de Saint-Brandon, nome oficial porque é conhecido o atol de Cargados Carajos, sito no arquipélago das Mascarenhas, em pleno Oceano Índico (16º 58’ S; 59º 60’ E), 430 km a nor-nordeste da Maurícia, de que depende administrativamente.


As Navigatio Sancti Brendani na Bibliotheca Augustana (em latim, francês e inglês);

Texto integral das Navigatio Sancti Brendani em inglês.

Paços de Brandão

Festa Arcos PacosBrandao.jpg

Festa dos Arcos

Brasão da freguesia de Paços de BrandãoBandeira da freguesia de Paços de Brandão

Brasão Bandeira

Paços de Brandão é uma freguesia portuguesa do concelho de Santa Maria da Feira, com 3,71 km² de área e 4 590 habitantes (2001). Densidade: 1 237,2 hab/km².

A sua fundação data de há mais de 900 anos, associada ao cavaleiro normando Fernand Blandon, o qual ajudou D. Afonso Henriques na Reconquista Cristã. Tornou-se vila em 1985.

Possui diversos pontos de interesse como o Parque Municipal da Quinta do Engenho Novo, casas abrasonadas, como a Casa da Portela (local de filmagens do filme Amor de Perdição) ou a Casa de Riomaior, diversas quintas e o Museu do Papel.

De fortes tradições, realizam-se anualmente várias festas religiosas e populares, tal como a Festa da Póvoa, e a mais conhecida, Festa dos Arcos, que conta com a exposição de Arcos feitos por pessoas da freguesia de forma manual, realizada em Agosto no arraial da freguesia que demarca o centro da vila, junto à Igreja Paroquial.

Embora recente, festeja-se na freguesia o Carnaval saloio. São 4 dias de folia.

Património

Casa da Quinta do Engenho Novo ou

Parque Municipal de Paços de Brandão e

Casa da Portela

Ligações Externas

Freguesia de Paços de Brandão

Centro Social de Paços de Brandão

ISPAB - Instituto Superior de Paços de Brandão

História do Clube Desportivo de Paços de Brandão

Escola Profissional de Paços de Brandão

Grib- Grupo recreativo independente brandoense

Academia de Musica de Paços de Brandão

Circulo de Recreio , Arte e Cultura de Paços de Brandão

O Engenho no papel...Um olhar sobre Paços de Brandão